Cidades sustentáveis

por Carlos Minc

O teor de civilização de uma sociedade não se mede pelo número de carros ou de celulares. Mas sim pela forma como esta trata seus idosos, seus loucos, seus meninos de rua, seus presos, seu lixo, seu esgoto, suas árvores, suas escolas públicas, suas unidades de saúde. A linha divisória entre a Civilização e a Barbárie é o Saneamento Ambiental e a Ecologia Humana. Enquanto milhares de crianças  caminharem em valas e canais contaminados com coliformes, os trabalhadores forem intoxicados nos locais de trabalho e o lixo reaproveitável for misturado com restos de comida alimentando a proliferação de ratos e baratas, poderemos enviar foguetes à Lua que continuaremos nas trevas.

A Cidade Sustentável recicla o lixo e a água da chuva; reaproveita o esgoto tratado; recicla roupas velhas, transforma computadores inservíveis em reformados para Tele Centros públicos e gratuitos, como fazemos nas Fábricas Verdes, transformando lixo eletrônico em inclusão digital. A Cidade Sustentável é a Cidade do Cidadão, onde a prioridade não é para grandes prédios e avenidas, mas para praças arborizadas, espaços de convivência, esporte, cultura, 3ª Idade, ciclovias, bibliotecas e cinemas populares. O transporte sobre rodas, carros, caminhões e ônibus são os vilões da poluição do ar e sonora, transformando bairros com história em bairros de passagem. Para o carro rodar a 9 km/h no rush, mais lento que o cavalo e a bicicleta! Os conceitos chaves são: integração dos modais com prioridade para trens, metro, barcas e ciclovias. E o Não Deslocamento: de haver maior número de serviços, empregos, funções no próprio bairro. Cidades Sustentáveis emitem menos carbono, adoecem menos os cidadãos e garantem mais qualidade de vida, com avanço social e cultural. É o maior desafio.

*é deputado estadual (PT/RJ) e foi Ministro de Meio Ambiente e Secretário Estadual do Ambiente.

Artigo publicado na Folha do Jardim de Dezembro/2014

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