Artigo de Sergio Besserman

por Sergio Besserman Vianna

Estudo recentemente publicado na Science trouxe notícia preocupante: a população mundial pode chegar a 12 bilhões antes de se estabilizar, ao invés dos 10 bilhões anteriormente previstos.

O cerne do desafio do desenvolvimento sustentável não é exatamente o tamanho da população mundial, mas sim seu impacto ambiental. Por exemplo, um norte americano emite em média cerca de 5,5 ton de carbono por ano, enquanto um africano emite cerca de 0,4.

É ilegítimo e inaceitável negar a ascensão do padrão de consumo das populações hoje desprovidas de recursos, de modo que o crescimento absoluto do número de humanos nesse momento histórico de crise ecológica não pode deixar de ser reconhecido como um problema.

Há 200 mil anos surgia o primeiro homo sapiens. Há 50 anos a população mundial não superava dois bilhões. Hoje, já ultrapassou 7 bilhões.

A transformação mais importante estará certamente na mudança dos padrões de produção e consumo. No exemplo que utilizei, as mudanças climáticas, a questão toda é a transição para economias de baixo carbono.

Mas estabilizar e, posteriormente, permitir que naturalmente a população mundial se reduza é parte obrigatória da solução. Felizmente, para isso não é preciso nenhuma coerção ou incentivo, basta assegurar um direito humano fundamental: acesso à informação e conhecimento e liberdade sobre seus corpos para todas as mulheres do planeta. A correlação entre esse direito e a redução do número de filhos por mulher é enorme em qualquer lugar do mundo.

Em muitos países, contudo, não se trata apenas de falta de recursos, mas também de culturas de falta de recursos, mas também de culturas que subordinam as mulheres e não aceitam a igualdade de gêneros. Esse é um aspecto importante de um dos grandes dilemas do século XXI: direitos humanos fundamentais para todos ou autodeterminação dos povos?

*é  economista, membro do Conselho Deliberativo da AAJB e do Conselho de Desenvolvimento Sustentável do JBRJ

Artigo publicado na Folha do Jardim de Março/2015

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