Saí-andorinha, a ave dispersora de sementes

Publicado em 25/03/2020

A Saí-andorinha pertence à família dos traupídeos (a mesma das saíras) e é uma ave um tanto quanto misteriosa: ela é vista no Jardim Botânico apenas em parte do ano, geralmente entre janeiro e julho, e mesmo assim durante períodos curtos.

No Jardim, é mais facilmente observada quando se reúne em pequenos bandos para se alimentar dos frutos da magnólia-amarela (Magnolia champaca) na região da restinga, o que ocorre a partir do início de março.

Ela é considerada uma excelente dispersora de sementes. O bico curto e a boca grande e larga favorecem o consumo de frutos de tamanhos diversos, que são engolidos inteiros. As sementes muito grandes são regurgitadas.

Essa espécie também possui um dimorfismo sexual bem evidente. Os machos adultos têm uma coloração da plumagem azul-brilhante e as fêmeas e os jovens são esverdeados, contrastando com a região da barriga, que é branca nos machos e amarelada nas fêmeas. Apesar do colorido chamativo, é muito comum que essa ave seja notada através da vocalização, um forte chamado metálico.

Seus ninhos são construídos pela fêmea no fundo de galerias escavadas e em barrancos. É lá que ela também incuba e cuida dos filhotes. Os machos não participam da criação dos filhotes, mas ficam de sentinela próximo ao ninho. Durante o período reprodutivo não formam bandos e aparentemente não se reproduzem no Jardim Botânico.

Coluna Bichos do Jardim, assinada por Henrique Rajão, ornintólogo, que seria publicada na versão impressa da “Folha do Jardim” de março. 

Foto: João Quental