Desvendando as Plantas carnívoras do JBRJ

Publicado em 26/03/2020

Na contramão do que muitos pensam, as plantas insetívoras ou carnívoras, como preferimos chamar, não se alimentam de pedaços de humanos, uma vez que o processo de atração e morte da presa se dá pela liberação de aromas específicos e pelo afogamento em seu interior, o que impossibilitaria pela inteligência racional e pela anatomia dos seres humanos, serem “vítimas” destas espécies.

Para ser classificada como carnívora, a planta deve ser capaz de desempenhar três etapas: atrair, “prender” e digerir suas presas. Elas utilizam a liberação de aromas específicos combinados a mecanismos como bordas escorregadias, por exemplo, para a atração. Uma vez que a presa é atraída e pousa sobre ela, ela escorrega para o seu interior e por meio de afogamento em um líquido com enzimas e capacidade digestiva, acontece a morte e consequentemente, a digestão da presa.
Assim, elas obtêm os três principais macronutrientes: nitrogênio, fósforo e potássio, além de diversos micronutrientes, como ferro, manganês, cálcio, zinco, cobalto e outros necessários para a realização de fotossíntese. Suas raízes, em geral, servem apenas para fixação no solo e não para absorção de nutrientes como acontece com a maioria das plantas.

As espécies carnívoras se adaptaram ao hábito da predação, pois foram colonizadas em ambientes com o solo muito pobre, como no pantanal, por exemplo, onde raízes não são capazes de absorver os nutrientes necessários já que eles não existem.

Evolutivamente, sobreviveram as plantas capazes de captar “alimentos” por si só. Hoje, são 50 espécies de plantas carnívoras no JBRJ, que predam não só insetos, mas também crustáceos, vermes, sapos, lagartos, ratos e outros.

Fotos: Anamaria Giglio

Para esta coluna, entrevistamos Bruno Rezende, biólogo e curador das plantas carnívoras, da Coordenadoria de Coleções Vivas do JBRJ.