Artigo de Elizabeth Cordeiro

por Elizabeth Cordeiro

Jô - Colar Cazumbá

Há trinta anos, o trabalho de moldar osso de boi em colares, pulseiras e brincos é para ela uma forma de colocar a comida na mesa. Mas dizer isso sobre o seu trabalho é muito pouco. Jô é uma pessoa apaixonada pelo que faz. E isso aparece naquilo que produz. Desde a negociação com o dono do açougue até a alquimia para transformar cascas de uva, sementes de urucum, e flores de maracujá em cores que saltam aos olhos quando fixadas nas peças.

Como ela, existem milhares de artesãos que enxergam no reaproveitamento de materiais como casca de oco, sementes, couro de peixe e restos de tecido, diversas possibilidades de criação. E o êxito desses produtos no mercado muitas vezes gera interesse e é passado para outras pessoas na comunidade.

Por isso, o incentivo de produções artesanais é tão importante. A renda gerada não só “coloca comida na mesa”. Ela movimenta uma cadeia de eventos que vai muito além da reutilização de materiais que seriam descartados. Ela gera autoestima na vida de pessoas que, como a Jô, sentem orgulho do trabalho que fazem.

*é idealizadora da Casa B Artesanais.

Artigo escrito na Folha do Jardim de Maio/2015

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