O papel da biodiversidade marinha na sustentabilidade

por Daniela Diz Pereira Pinto

Inúmeros são os aspectos da sustentabilidade ou desenvolvimento sustentável que merecem ser abordados devido à importância do tema. Um deles acredito ser relacionado à necessidade de conservação e uso sustentável da biodiversidade marinha.

Estamos evidenciando uma era de mudanças climáticas e acidificação dos oceanos – os quais estão aproximadamente 30%  mais acídicos desde a revolução industrial –, assim como a perda de biodiversidade devido à sobrepesca, destruição de habitats, poluição, dentre outras ameaças. Mas ainda temos a oportunidade de mudar esta trajetória de autodestruição.

Hoje se sabe que é necessário proteger a biodiversidade marinha para aumentar a produção pesqueira (que fornece proteína para bilhões de pessoas), assim como para aumentar ou manter a resistência dos oceanos e mares às mudanças climáticas e acidificação. Em geral, biodiversidade e abundância resultam em maior resistência dos ecossistemas marinhos. Diante de tantas adversidades, espécies necessitam que as pressões antropogênicas sejam reduzidas para que tenham chance de evoluir e se adaptem a este meio ambiente modificado.

A proteção de espaços estratégicos, como recifes de corais, montes submarinhos, corredores migratórios, dentre outros, fazem exatamente isto. Porém, a criação de áreas de protegidas marinhas tem que ser suficientemente abrangente e também incluir áreas ecologicamente significantes no alto-mar. A biodiversidade no alto-mar é muito mais rica do se pensava anos atrás. Mas a sua conservação requer um sistema de coordenação internacional que atualmente não existe. Para tanto, a maioria das nações mundiais, inclusive o Brasil, está apoiando a negociação de novo tratado internacional para a conservação e uso sustentável da biodiversidade marinha no alto-mar. Esta decisão tem que ser tomada até setembro de 2015 – prazo estabelecido na Rio+20.

Este tratado oferecerá a oportunidade de que um regime sustentável para o alto-mar seja criado, um regime que inclui a criação de redes de áreas marinhas protegidas de uma forma ecologicamente coerente e outras formas de conservação da biodiversidade marinha  para o benefício da humanidade – e do seu futuro neste planeta.

*é Gerente de Políticas Marinhas na WWF-Canada.

Artigo publicado na Folha do Jardim de Setembro/2014

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